O Projeto foi idealizado visando subsidiar a realização de uma história social de cientistas brasileiros e de suas práticas científico-institucionais. Essa demanda se impõe se pensarmos que o trabalho científico que se realiza em nosso país é pouco conhecido da sociedade em geral. Estudos realizados recentemente abordando a familiaridade dos brasileiros sobre os cientistas no país demonstraram enorme desconhecimento público sobre o tema. É certo que este projeto não tem capacidade de mudar sozinho essa situação, mas poderá contribuir para reduzir a distância que separa cientistas e sociedade, inclusive entre diferentes áreas acadêmicas, onde muitos desconhecem os trabalhos uns dos outros.


Neste projeto, considerando o que disse Pierre Bourdieu em A Ilusão Biográfica, o ponto de partida é o nome próprio do cientista, pois este carrega a carga social que acompanha e identifica o indivíduo ao longo da vida. É nesse processo de produção e reprodução do conhecimento dentro de instituições especializadas e sob situações sociais determinadas que este trabalho se situa.


Foi então planejado este sistema de informação, intitulado PROSOPON, que toma como base metodológica a prosopografia, que estuda o perfil de um determinado grupo social combinando a pesquisa biográfica com o levantamento de dados históricos. É um projeto ambicioso e inovador, que ajuda na construção dessa grande biografia coletiva de cientistas, identificados através das solicitações de auxílio apresentadas ao Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq). Foi priorizado o período de 1951, ano de criação do CNPq, a 1973, antes da grande transformação que ocorreria no órgão no ano seguinte. Em 1974 houve uma mudança física - do Rio de Janeiro para Brasília - e uma mudança no seu status político, refletindo na mudança de nome de Conselho Nacional de Pesquisas para Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.


Esse período a que o Prosopon abrange (1951-1973) permite analisar um amplo espectro da produção científica no país durante o século XX, na medida em que os primeiros cientistas agraciados com bolsas e auxílios do CNPq nos anos 1950 já estavam em atividade pelo menos desde os anos 1930. Por outro lado, muitos dos que se iniciaram na pesquisa no final dos anos 60 e início dos 70 se mantiveram em atividade até o final do século XX. Além disso, esse período se caracteriza por um aumento expressivo do número de pesquisadores, pelo surgimento das novas instituições científicas, pela introdução dos cursos de pós-graduação no país e pelo significativo papel social e político que as ciências e os cientistas assumiram no cenário brasileiro.

As fontes de informações foram as atas e anais das reuniões do Conselho Deliberativo do CNPq, constantes do acervo histórico sob a guarda do MAST. O CD era composto pelo presidente e vice-presidente, indicados pelo presidente da República, e mais oito membros representativos do governo, da comunidade científica e da sociedade civil. Em 1964, foi acrescido de dois membros: um representante das Forças Armadas e outro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico. As atas trazem as deliberações sucintas; apenas os dados das solicitações de bolsas e auxílios com as informações sobre o que foi deliberado. Os anais, mais extensos, são uma compilação dos assuntos discutidos nas reuniões, com resumo das falas dos conselheiros.


O amplo levantamento realizado no acervo reuniu quase quarenta mil processos de bolsas e auxílios, os quais incluíam os dados relativos às práticas científicas, instituições, trânsito e relações científicas nacionais e internacionais, bem como dados que envolvem gênero e formação.


O projeto contou com apoio do CNPq através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e do Programa de Capacitação Institucional (PCI), e da FINEP, por meio de dois projetos decorrentes de chamadas públicas (convênios 01.13.0319.00 e 01.16.0074.03).


Mais recentemente, foi estabelecida uma colaboração com o Projeto História da Ciência e da Tecnologia no Brasil 1945-2000, coordenado por Olival Freire Jr. e Antonio Augusto Videira e apoiado pelo CNPq.